sábado, 10 de janeiro de 2009

Teresa Urban homenageia o Parque nos 70 anos

70 anos do Parque Nacional do Iguaçu
* Por Teresa Urban
A história do Parque Nacional do Iguaçu se confunde com a história da conservação da natureza no Brasil e seus 70 anos nos lembram como é recente, no país, um olhar mais sábio e mais delicado sobre os ambientes naturais. É bem verdade que muito antes, em 1876, André Rebouças sonhava em “reservar intactas, livres do ferro e do fogo” áreas do território nacional, para que as gerações vindouras pudessem apreciar “daqui há centenas de annos (...) os mais bellos espécimens de uma fauna variadíssima, e, principalmente, de uma flora que não tem rival no mundo!” E incluía em sua ousada proposta um parque que se estendesse de Sete Quedas, no Rio Paraná, até as Cataratas.
Parque para quê? devem ter se perguntado à época os tomadores de decisão, olhando o país-floresta em que viviam. E o belo texto de Rebouças foi enterrado numa gaveta qualquer.
Mesmo assim, sua idéia foi mais forte que a burocracia e a avidez dos colonizadores e os dois parque – de Sete Quedas e do Iguaçu - foram criados em tempos diferentes, no século XX. O primeiro não resistiu, jaz sob as águas do reservatório da hidrelétrica de Itaipu. O Iguaçu nasceu pequeno, como cenário para as monumentais cataratas e demonstrou, ao longo dessas sete década, uma quase inacreditável capacidade de sobrevivência e expansão.
Consolidado como maior parque da Mata Atlântica, o Parque Nacional do Iguaçu abriga e protege hoje uma extraordinária amostra da diversidade que assegura a vida. Testemunho solitário, rodeado por lavouras, estradas e cidades, nos dá a certeza de que esse pequeno território livre do ferro e do fogo foi, de fato, a melhor doação que poderia ser feita às gerações futuras.
É nesse ambiente protegido - orgulho do país e Patrimônio da Humanidade – que um número cada vez maior de pessoas procuram a emoção de contemplar a vida em sua plenitude. Que continue assim, protegido, contemplado e visitado por todos os que guardam a esperança de que a Terra ainda pode ser um lugar de aconchego para todos os seres vivos.
* Teresa Urban é jornalista e escritora, autora do livro Missão (quase) Impossível, sobre o movimento ambientalista brasileiro

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