sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Jorge Pegoraro - 09/01/2009 - "Concessão é alternativa para áreas protegidas"


A opinião é do diretor do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro, que concedeu entrevista à Revista H2FOZ, alusiva às comemorações do aniversário de 70 anos da unidade de conservação
H2FOZ – Por que o Parque do Iguaçu é referência em gestão administrativa?
Jorge Pegoraro – Devido aos investimentos nos últimos anos no sentido de melhorar a visita-ção e os atrativos, com recursos da iniciativa privada. Mais de R$ 30 milhões de empresas concessionárias foram investidos nos últimos oito anos. Ocorreu um fortalecimento na instituição com contratação de mais funcionários terceirizados, aquisição de analistas ambientais provindos dos últimos concursos públicos e também com implantação de um sistema de gestão ambiental.
H2FOZ - Qual é o desdobramento desse trabalho?
Pegoraro - A gestão em parceria com a iniciativa privada tem se mostrado competente e tem apresentado resultados positivos. A unidade tem sido tema de estudos, visitas técnicas e discussões acerca desta parceria pioneira, bem como tem sido comparada aos melhores exemplos mundiais de conservação e administração de área protegidas.
H2FOZ - Qual é o papel do PNI em relação às outras unidades brasileiras?
Pegoraro - O parque, hoje, é responsável pela gestão orçamentária e financeira de mais 16 unidades de conservação do Instituto Chico Mendes. Temos a certeza que o sistema de concessão é a solução para resolver os problemas de visitação em unidades que tenham essa característica, repassando para a iniciativa privada, por exemplo, a administração de restaurantes, lanchonetes, passeios e atrativos.
H2FOZ - Quanto é revertido da arrecadação para Foz e região?
Pegoraro - A arrecadação do parque é constituída por cobrança de ingressos, taxas de filmagens e concessões. Em 2008, a renda ficou em torno de R$ 12 milhões. Em torno de 25% dessa receita retorna ao parque para o custeio da unidade. Recursos considerados insatisfatórios pela atual administração para a implementação de projetos ambientais (entorno), pesquisas e proteção da unidade.
H2FOZ - O que é possível destacar na área de pesquisas?
Pegoraro - O PNI possui cerca de cem pesquisas científicas concluídas e 50 em andamento. Entre os trabalhos de maior relevância está o estudo realizado com as espécies do gênero Mazama (veados) pelo grupo da Unesp Jaboticabal. Temos ainda o estudo de variabilidade genética do palmito juçara e seu potencial para cultivo e reflorestamentos, pela Universidade Federal de Santa Catarina.
H2FOZ - E o Carnívoros do Iguaçu?
Pegoraro - Ele foi contemplado como um encargo da concessionária que venceu a licitação do Hotel das Cataratas. Remodelado, pretende, num prazo de oito anos, com um investimento de pouco mais de R$ 1 milhão, levantar quanti e qualitativamente as espécies de felinos do parque e toda a sua cadeia trófica.
H2FOZ - Quais investimentos serão aplicados pela Orient Express no parque?
Pegoraro - Além do Projeto Carnívoros do Iguaçu, foram elencados no edital outros investimentos, como o aterramento dos cabos de energia e de telefone, do portão de entrada até o Porto Canoas; a construção de ciclotrilha ligando o Centro de Visitantes do parque até o início da trilha das cataratas, defronte ao hotel; a reforma do pórtico antigo do PNI (já em andamento). O investimento nessas obras será de R$ 10 milhões. Já a reforma do hotel receberá cerca de R$ 50 milhões.
H2FOZ - Como a administração da unidade analisa a questão da educação ambiental?
Pegoraro - Nos últimos seis anos, a administração do Iguaçu tem investido estrategicamente nesta ferramenta, através dos trabalhos desenvolvidos pela Escola Parque. Ela recebe anualmente cerca de 20 mil crianças, jovens e adultos em suas bases, que foram criadas nesta gestão e servirão para descentralizar os trabalhos técnicos realizados. A Escola Parque possui bases em Foz, Serranópolis do Iguaçu, Matelândia e Capanema.
H2FOZ - Como será lembrado o aniversário de 70 anos?
Pegoraro - A marca forte dos 70 anos do PNI tem muita importância para a história da conservação dos recursos naturais do país, uma vez que se conseguiu com muita luta conservacionista manter esse patrimônio natural da humanidade numa região em que o agronegócio é de grande importância e valor político-cultural. O parque se consolida cada vez mais como uma unidade de conservação completa, onde se destaca o turismo com recordes de visitação, a educação ambiental, a pesquisa e a proteção da unidade. Este patrimônio mundial merece ser respeitado e preservado pelas gerações, como símbolo de força viva da natureza, abrigando muitas espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção e que podem, num futuro muito próximo, ser estudadas para a salvação da espécie humana.
(PORTAL H2FOZ – Pedro Lichtnow)

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