O Parque Nacional (Parna) do Iguaçu, no Paraná, está em estado de alerta. Os primeiros resultados de pesquisa feita pela equipe do parna junto com vários parceiros, entre os quais o Centro Nacional de Pesquisa para Conservação dos Predadores Naturais (Cenap), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), indicam uma redução na população de onças pintadas que residem na unidade de conservação.
Além das equipes do parna e do Cenap, a pesquisa “Ecologia e conservação de onça pintada” teve a participação de especialistas do Instituto Pró-Carnívoros, do Instituto de Pesquisas Ecológicas e da Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
O conjunto de dados, que inclui desde análise de densidade populacional até a genética populacional, mostra que, além do decréscimo do número de onças pintadas, o fluxo de de genes diminuiu, expondo a espécie ao risco inerente da perda de variabilidade genética. “Análises utilizando modelos de viabilidade populacional indicam que, se as coisas continuarem como estão, a onça pintada pode ser extinta nos próximos cem anos”, explica Ronaldo Morato, chefe do CENAP e um dos coordenadores do projeto.
Segundo o chefe do Parna do Iguaçu, Jorge Pegoraro, essa perda seria catastrófica já que predadores do topo da cadeia alimentar cumprem a função de manter espécies de níveis inferiores dentro dos limites de suporte do ambiente, reduzindo a competição e permitindo uma maior riqueza de espécies. “Em longo prazo, teríamos a perda de parte da significativa diversidade do Parque Nacional do Iguaçu”, diz Pegoraro.
O chefe do parque ressalta ainda que os resultados não apontam apenas para os problemas, mas também indicam caminhos que devemos tomar para evitar o agravamento desta situação. “Sem dúvida alguma, um grande gargalo ainda está relacionado com as atividades ilícitas que ocorrem na unidade, apesar de todo o esforço de fiscalização e do trabalho de educação ambiental já realizado”, afirma.
A equipe do projeto vai intensificar os estudos na chamada área intangível do Parque. Dentre os objetivos está a verificação da presença de queixadas. “Estamos ao ponto de declarar a extinção dos queixadas no Parque, já que desde o início do projeto não foram encontrados indícios da espécie. Já levantamos amostras de mais de 600 km², cerca de 3.000 fotos de armadilhas fotográficas foram obtidas e até o momento, nenhum queixada, espécie abundante em alguns anos atrás, foi fotografado”, diz Marina Xavier, coordenadora de Campo do Projeto.
A caça predatória é a principal responsável por esta situação, explica Apolônio Rodrigues, coordenador de Conservação e Manejo do Parque. “Além de não obtermos fotos de queixadas, apenas três onças pintadas foram fotografadas no período, o que indica que a população está diminuindo drasticamente”, afirma Apolônio.
Fonte: Adilson Borges
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