Robson Meireles/Gazeta do Iguaçu
trecho fechado é o que passa dentro do Parque Nacional, em Foz do Iguaçu.
Um problema que se estende há mais de 20 anos e que parece continuar longe de uma solução foi tema de discussão durante o mês de março no Paraná: a questão da Estrada do Colono (PR-495) localizada dentro do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
A estrada foi fechada em 1986 por conta de questões ambientais, a mando da Justiça. Desde então, várias discussões aconteceram sobre a polêmica em torno da dúvida se a estrada deve ser reaberta ou não. A última reunião, que ocorreu sigilosamente a portas fechadas em Medianeira, também no oeste, foi no começo do mês de março.No entanto, a maior parte das pessoas que participaram da reunião (17 municípios ao todo) não quis falar com a imprensa. Mas a reportagem de O Estado apurou que a discussão foi feita pelo desembargador federal Álvaro Eduardo Junqueira, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Porto Alegre), a pedido dos próprios prefeitos da região.
O movimento ocorreu porque é de interesse dos municípios que a estrada reabra, contrariando os desejos dos ambientalistas e de quem cuida do Parque Nacional. O prefeito de Capanema, Milton Kafer (Capanema e Serranópolis seriam as cidades mais afetadas com a estrada), explicou que o pedido para que a reunião fosse realizada se deu por necessidade. "Nunca antes as prefeituras tinham sido ouvidas para tentar um acordo", afirmou.
Segundo ele, o desembargador solicitou que os prefeitos apresentem um projeto de educação e preservação ambiental para o local, já que a estrada passa por dentro do Parque Nacional do Iguaçu. "Nós queremos a reabertura mas também queremos a preservação", observou.O prefeito de Serranópolis, José Arlindo Sehn, compartilha da opinião de Kafer. Para Sehn, é necessário encontrar uma solução para o impasse que já dura mais de 20 anos.
"Os benefícios não seriam somente para nós e Capanema, mas sim, para todos os municípios das regiões oeste e sudoeste do Paraná. Tanto pelo ponto de vista cultural, ambiental e turístico, mas também como pela questão histórica", analisou Sehn.
Os dois prefeitos deixaram claro que a ideia da retomada da discussão é o diálogo aberto. "Não queremos brigas. Temos parcerias com o Ibama, com o parque. Então faremos as concessões que eles quiserem. Porém, é preciso conversar", disse.Na época, os órgãos envolvidos na questão eram o Ibama e o Instituto Chico Mendes. A reportagem procurou os dois órgãos, e foi informada que as discussões relativas ao tema deveriam ser tratadas com a administração do Parque Nacional.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), que não se manifestou, embora em 2003 o governo do Estado tenha divulgado uma nota contra a reabertura da estrada, uma vez que a Justiça determinou o fechamento em 1986.
Recuperação ambiental está quase finalizada
Embora os representantes do Parque Nacional do Iguaçu não tenham sido convidados para participar da reunião em Medianeira, o diretor do local, Jorge Pegoraro, disse que o diálogo sobre o assunto tem sido aberto durante todos esses anos, e que assim vai continuar.
Ele lembrou que a estrada se mantém fechada por força do Plano de Manejo do parque e também por conta da decisão judicial. Pegoraro explicou, ainda, que a recuperação ambiental da estrada está praticamente finalizada, e que a fauna vem sendo monitorada. "Estamos abertos às conversas. Queremos contribuir com o desenvolvimento da região, mas com preservação ambiental", salientou. A reportagem de O Estado também conversou com o advogado dos 17 municípios, Pedro Henrique Xavier, mas ele preferiu não falar sobre as questões discutidas na reunião.
O vice-prefeito de Medianeira (onde ocorreu a reunião), Ricardo Endrigo, também conversou com a reportagem, mas disse que não se manifestaria sobre a audiência. A reportagem procurou a prefeitura de Realeza (outro município que também seria afetado com a estrada), mas não obteve retorno.
Histórico
A Estrada do Colono liga várias cidades das regiões oeste e sudoeste do Paraná, como Serranópolis do Iguaçu (limite norte do Parque Nacional do Iguaçu) e Capanema.
O trecho que está fechado (de 17,6 quilômetros) passa por dentro do Parque Nacional. Em dezembro do ano passado, o TRF4 decidiu suspender o julgamento do processo e atendeu o pleito dos municípios para que a discussão seja retomada.
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