sexta-feira, 12 de março de 2010

Capanema, no sudoeste do Paraná, insere atividade turística na economia

O município de Capanema, na região sudoeste do Paraná, fronteira com a Argentina, começa a explorar seu potencial turístico de forma planejada. Nesta quarta-feira, dia 10, depois de um ano de trabalho, o Sebrae/PR, Prefeitura Municipal, Parque Nacional do Iguaçu, Associação de Turismo Doce Iguassu e parceiros concluíram o estudo técnico do Programa de Desenvolvimento do Turismo, o qual será a referência para o município desenvolver seu potencial e atrair visitantes numa viagem ao encontro da natureza, sabores, cores e valores do campo e cultura da fronteira.

De produtos agroindustriais a balneários, cujo o privilégio é ter de fundo um patrimônio natural da humanidade como é o caso do Parque Nacional do Iguaçu, o estudo mostrou oportunidades e definiu estratégias para tornar o turismo uma realidade no desenvolvimento de Capanema. Artesanato, áreas de camping, rafting, ecoturismo, mirante e produtos agroindustriais formam um roteiro de atrativos turísticos nas margens do Rio Iguaçu. "Capanema ganha um verdadeiro guia para utilizar o turismo como estratégia de geração de emprego e renda na cidade e no campo, utilizando sua natureza e o capital humano para o seu desenvolvimento local", explica Joailson Agostinho, gerente da Regional Sudoeste do Sebrae/PR. O trabalho envolveu 480 horas de consultoria, diagnóstico, encontros e atendimento a 20 empreendimentos do setor.

Na cidade e no interior, os negócios começam a ser organizados e a ganhar clientes. No bairro Santo Expedito, uma admiradora de orquídeas, transformou sua coleção num ponto de visita e venda de flores. O Cantinho das Orquídeas, com cerca de 8 mil mudas, algumas bastante raras, atrai colecionadores da cidade e de fora. Dirce Faccio, orquidófila há mais de dez anos, conta que as visitas vêm crescendo e a sua propriedade agora é visita até por excursões. "Com as orientações que recebemos, mudamos o jeito de receber os visitantes e o resultado é que hoje é comum termos a visitação de excursões da Argentina no orquidário", destaca.

No interior, na linha chamada Esquina São Francisco, os visitantes podem acompanhar e participar da produção dos derivados da cana-de-açúcar com a família Piamolin. Quem se arrisca é convidado a moer cana e mexer o caldo no tacho ao fogo. Uma cena típica de uma agroindústria familiar com a tradição da cultura italiana e um produto muito utilizado que é a cana. O agricultor Ivo Piamolin, proprietário da agroindústria, afirma que o número de visitantes vem crescendo e o fato de demonstrar como funciona a fabricação de caldo de cana, açúcar mascavo e melado, ajuda na venda de produtos. "A venda aumenta, pois a pessoa conhece como é feito e parece valorizar mais o trabalho no campo", argumenta.

Meio e conflito

Capanema tem uma localização privilegiada junto ao Parque Nacional, com o qual possui quase 60 quilômetros de limites pelas curvas do Rio Iguaçu. O Parque, o segundo a ser criado no Brasil, em 1939, na fronteira com Argentina, é um dos principais santuários da Mata Atlântica no sul do País. Na década de 1950, um caminho, com cerca de 17 quilômetros, mais tarde denominado Estrada do Colono, foi aberto pelo governo do Paraná junto ao Parque com a intenção de favorecer a colonização do oeste pelos imigrantes do sul. Em 1986, a estrada foi fechada, alegando-se prejuízos ao meio ambiente como a extração ilegal de madeira, do palmito-juçara e da caça predatória. Reaberta ilegalmente em 1997, provocou conflitos até ser novamente fechada em 2001. Com o projeto de turismo, a questão ambiental ganha um novo capítulo na história.

O prefeito de Capanema, Milton Kafer acredita que o cenário de exploração das potencialidades naturais com a preservação ambiental institui uma nova atividade econômica no município que é o turismo. "A gente percebe que o potencial existe e os visitantes estão começando a chegar. Agora temos que usar essas informações do projeto para ter uma qualificação ainda maior de serviços e produtos relativos ao turismo", aponta. De acordo com o prefeito, a reabertura do caminho e sua transformação em uma estrada-parque, com foco na educação ambiental, no turismo e no lazer, seguem como meta do município. "A nossa luta vai continuar de uma forma civilizada e legal. O diálogo já nos faz colher frutos como é o passeio no Rio Floriano, numa área considerada intangível, que pelo entendimento que tivemos está sendo liberado pelo Parque Nacional e é m ais um atrativo no nosso roteiro turístico", justifica Kafer.

O diretor do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro, afirma que se trata de mais um passo, com apoio do Sebrae/PR, para tornar Capanema atrativa turisticamente. "Temos os passeios no Iguaçu, no Rio Floriano, as propriedades que estão trabalhando com o turismo estão passando pelo licenciamento ambiental. Isso tudo é importante para o Parque Nacional do Iguaçu por que traz uma sustentabilidade à região e até a recuperação de algumas áreas degradadas", explica Pegoraro. O diretor do parque nacional cita de exemplo o Camping Urutau, um antigo local de extração e depósito de areia, que hoje é um espaço de recuperação ambiental especializado em ecoturismo. "Queremos que as pessoas sejam parceiras, que cuidem do Parque. Queremos que desfrutem dos recursos naturais para trazer o turista para Capanema e trabalhar a conscientização ambiental. Esse projeto é estratégico inclusive para a preservação do Parque Nacional do Iguaçu", completa.

Nessa área de camping, além de quiosques com água, energia elétrica e churrasqueiras, a grande atração são os passeios de barco nos rios do Parque Nacional do Iguaçu. Além do próprio Rio Iguaçu, é possível adentrar ao parque pelos rios Silva Jardim e Floriano. Este, nasce na porção mais selvagem da unidade de conservação, sendo possível um percurso de aproximadamente 8 quilômetros por águas cristalinas e paredes verdes intocadas até o exuberante salto do rio. A operação desse passeio só é permitida à Associação de Turismo Doce Iguassu, que mantém um convênio com o Parque Nacional por também participar do Programa de Desenvolvimento do Turismo Sustentável no Entorno da unidade.

(Agencia Sebrae-PR de Notícias)

Fonte: http://www.h2foz.com.br/modules/noticias/article.php?storyid=13566




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